Poucas franquias no cinema carregam tanto peso cultural quanto Alien. Desde 1979, quando Ridley Scott apresentou ao mundo o “perfeito organismo”, a criatura de H.R. Giger nunca mais saiu do imaginário coletivo. Alien: Earth, nova série lançada pela FX e disponível no Disney+ Brasil, chega com a missão de honrar esse legado e, ao mesmo tempo, reinventá-lo para uma geração que já não se assusta tão facilmente.
Um breve retorno ao passado
O primeiro Alien foi um marco. Feito com orçamento modesto, transformou-se no filme R-rated de monstro mais lucrativo por décadas. A força não estava apenas nos sustos, mas na construção de um medo visceral: o horror corporal. A cena do “chestburster” — o alienígena explodindo do peito de Kane — ainda hoje é lembrada como uma das mais chocantes da história do cinema.

E não foi só isso. O design biomecânico de Giger criou uma estética única, misturando beleza e terror. O alien não era apenas um monstro; era um símbolo carregado de metáforas sobre sexualidade, parasitismo, evolução e, claro, o próprio medo do desconhecido.
Alien agora pisa na Terra
Alien: Earth se passa em 2120, dois anos antes do primeiro filme. É a primeira vez que a ameaça xenomorfa chega ao planeta natal da humanidade. A trama gira em torno de Wendy (Sydney Chandler), uma jovem híbrida — metade androide, metade consciência humana — que se vê envolvida em uma missão de resgate após a queda de uma nave da Weyland-Yutani.

Com um orçamento de US$ 250 milhões, a série não economiza em escala: temos batalhas sangrentas, novos monstros e visuais de cair o queixo. Mas, curiosamente, o verdadeiro foco não está apenas no espetáculo, e sim nos dilemas humanos.
Mais do que susto: filosofia e crítica social
A franquia Alien sempre foi sobre algo maior do que monstros no espaço. Em 1979, já falava sobre o trabalhador descartável, usado como isca pelo capital corporativo. Em Alien: Resurrection, levantava debates sobre clonagem. Em Prometheus e Covenant, questionava a arrogância humana diante da criação e da busca pela imortalidade.
Agora, Alien: Earth traz uma nova camada: um mundo dominado por cinco megacorporações, que disputam o controle do planeta e da própria evolução humana. Não temos só humanos, mas também biomecânicos, androides e híbridos, cada qual representando um estágio diferente da fusão entre homem e máquina.
Wendy, a protagonista, é talvez o exemplo mais perturbador. Sua consciência foi extraída de uma menina de 12 anos em estado terminal e implantada em um corpo perfeito. Ela é ao mesmo tempo adulta e criança, máquina e humana. Uma metáfora dolorosa sobre identidade, infância roubada e os limites éticos da tecnologia.

Nesse ponto, a série acerta em cheio: o verdadeiro horror não está só no xenomorfo, mas naquilo que a humanidade se permite fazer em nome do progresso.
Recepção e controvérsias
A crítica internacional recebeu Alien: Earth de braços abertos. No Rotten Tomatoes, a aprovação chegou a 96%, e no IMDb a média gira em torno de 8,1/10. Muitos elogiaram a atmosfera tensa, que remete diretamente ao primeiro filme, e a coragem de trazer discussões mais filosóficas.
Mas há controvérsias. Parte do público reclama do ritmo mais lento e da presença limitada do alienígena nos episódios iniciais. Para quem esperava carnificina do começo ao fim, pode soar frustrante. Ainda assim, como obra seriada, faz sentido a aposta em um desenvolvimento mais gradual, preparando terreno para explosões de violência e revelações nas próximas semanas.
Um espelho para o nosso tempo
Talvez o maior mérito de Alien: Earth seja mostrar que, 46 anos depois, o xenomorfo ainda é relevante. Não apenas como monstro, mas como espelho de nossas ansiedades contemporâneas: medo da tecnologia que nos substitui, da ciência sem limites éticos, da ganância corporativa que trata pessoas como descartáveis.
No cinema, Alien dizia: “No espaço, ninguém pode ouvir você gritar.”
Agora, na Terra, o grito ecoa de volta para nós mesmos. E a pergunta permanece: o que nos torna realmente humanos diante de tanta desumanização?

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